quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Dependente do próprio algoz

  Assim como eu, acho que várias pessoas ficam perplexas quando o prefeito de Mariana Duarte Júnior (PPS) resistiu ao fato que a empresa Samarco seja fechada após o rompimento de duas barragens, que destruiu o subdistrito de Bento Rodrigues. Numa análise emocional temos a reação de pedir que a Vale/Samarco desapareça de nossas cidades e vá contaminar o lugar onde estão sediados.
Mas se pensarmos com a razão, veremos que as nossas cidades se tornaram dependentes dessas empresas, ou seja, são refém do próprio algoz.  A fala do prefeito que com medo de perder 80% de sua arrecadação, além de ver 400 moradores desempregados, reflete o desespero de todo administrador público de nossa região.
  Ao refletir sobre isso, tive um enorme pavor, porque não damos conta que todas as nossas cidades vizinhas, inclusive Ouro Branco, padecemos do mesmo problema. Todos nos somos dependentes de uma única empresa para sobreviver. Nossos administradores públicos devem se atentar para esse fato, temos que diversificar a economia, não depender tanto assim de uma só empresa. Se a Gerdau ir embora de Ouro Branco, também teremos que fechar a cidade e essa realidade se tornou ainda mais forte, durante a fala desesperada do prefeito de Mariana.
  O pior de tudo, sabemos que tanto a mineração, como a também a siderurgia, são atividades predatórias e que essas empresas levam nossa riqueza e nos devolvem muito pouco do que lucra. Mariana, por exemplo, fica com menos 2% do lucro da Vale/Samarco.
  Eles levam a nossa riqueza desde a desde a colonização, e vão deixando um rastro de destruição para traz. Hoje temos o exemplo de Mariana. Mas assim que esgotar  o nosso minério, eles irão embora e restarão apenas povoamentos empobrecidos e decadentes. Foi assim durante os Ciclos do Ouro e do Diamante. O subdistrito de Bento Rodrigues e o próprio município de Mariana são um retrato dessa decadência produzida pela mineração.
  O que aconteceu em Bento Rodrigues, e antes em outros municípios mineradores, é a repetição de uma atitude que remonta ao passado, desinteressada das projeções do nosso crescimento econômico e de um compromisso com as futuras gerações.
  Nossos governantes não podem mais agir com essa perspectiva de curto prazo, temos que pensar no futuro. O que será de Ouro Branco quando nossas riquezas não forem mais interessantes para a Gerdau? Espero que o silêncio, que se rompeu junto com a barragem, transforme-se não só em investigações, denuncias apurações e punições, mas também sirva para abrir o olho dos prefeitos das cidades desta região. Caso contrário, um dia poderá ser outro deles a dar entrevista para pedir a permanência do próprio algoz.

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