A segunda matéria da
Série “Identidade e Patrimônio”, retratará a importância do inventário para a
preservação do patrimônio histórico. Em Ouro Branco, essa preservação está
ameaçada, uma vez que a cidade
possui uma quantidade enorme de patrimônio cultural identificado e ainda não
inventariado, como exemplo, o caminho dos tropeiros, ruínas antigas e fazendas
nas áreas rurais e tudo isso pode ser perdido a qualquer momento. O inventário é nada mais é do que um instrumento
administrativo de preservação do patrimônio cultural de valor histórico,
arquitetônico, urbanístico, ambiental, simbólico e também de valor afetivo para
a população e impede que esses bens venham a ser destruídos ou
descaracterizados.
“O inventário é um levantamento técnico de trabalho
de campo que consiste na identificação e registro por meio de pesquisa das
características de um bem, que são registradas normalmente em fichas onde
há a descrição sucinta do bem cultural, constando informações quanto a sua
importância histórica, características físicas, delimitação, estado de
conservação e proprietário”, explica Elizabeti Márcia Felix Rodrigues de
Oliveira, secretária de Cultura e Patrimônio Histórico de Ouro Branco.
De acordo com a secretária de Cultura, o inventário
é o registro que busca preservar as características externas de conjuntos ou
edificações consideradas de interesse sociocultural para a preservação de
espaços referenciais de memória coletiva. Para identificação é importante
trabalho técnico especializado, levantamento de dados e um cronograma das
atividades dividido por áreas. “Para se preservar é importante valorizar, a
falta de conhecimento sobre o que é patrimônio e por que e como preservá-lo é
uma das maiores dificuldades encontradas no processo”, reforça.
Segundo ela, infelizmente a sociedade valoriza o
que é novo, desmerecendo o passado e a identidade cultural, essa crescente
desvalorização da memória provoca atitudes que evidenciam o descaso com os bens
históricos, contribuindo para o desaparecimento da nossa história e nosso
passado.
Segundo a secretária, em Ouro Branco, há um
trabalho concreto e extenso na identificação dos bens culturais. “O inventário
de proteção ao acervo cultural segue um cronograma dividido em áreas urbanas e
rurais do nosso município, a cada ano seguimos o cronograma, atentando para a
previsão da realização dos trabalhos”, conta. O cronograma é revisado de acordo
com as solicitações do Conselho de Políticas Culturais.
Falta de informação - Quando um bem é inventariado ele já está
protegido e deve obedecer a legislação federal, estadual e municipal. Os bens
culturais inventariados somente poderão ser demolidos, destruídos,
deteriorados, descaracterizados ou alterados mediante prévia análise e
autorização, tecnicamente justificada, do órgão do patrimônio cultural
competente.
Uma das maiores dificuldades deste trabalho é a
falta de informação. Para amenizar esse problema em 2014 todos os proprietários
de bens culturais inventários foram informados que sua propriedade estava
protegida pela legislação. Eles receberam uma carta documentada e assinada pela
então presidente do Conselho, Cirley Brito. “A informação é importante porque
muitas vezes o bem muda de dono e não é informado sobre a situação do imóvel”,
explica.
Mesmo um bem inventariado pode ser perdido por
falta de conhecimento, mas o proprietário pode sofrer as penas da lei. Em Ouro
Branco existem dois exemplos de bem inventariado que está em processo na
justiça como a casa de propriedade de Valina na rua Santo Antônio e a Capela
Nossa Senhora das Graças no bairro Luzia Augusta.
Além disso, se o órgão competente determinar a
importância de um bem e ele pode ser inventariado ou tombado mesmo sem a
permissão do proprietário. A consideração social do direito de propriedade
gera o quadro jurídico das restrições ou limitações, proclamadas pelo Estado e
incluídas na esfera do poder de polícia. Por isso, é importante estar atento na
questão da propriedade de um bem cultural.
Outra dificuldade para proteger um bem esbarra
ainda na falta de informação dos proprietários, que acreditam erroneamente que
um bem inventariado não poderá ser vendido, ou mesmo alugado ou mesmo que um
inventário é um ato autoritário. “O inventário é um ato de reconhecimento do
valor cultural de um bem para a sociedade”, diz a secretária.
Os inventários de
edificações podem ser classificados como estruturação e Compatibilização. A
estruturação se constitui
em elementos significativos ou representativos da história da arquitetura e
urbanismo para a preservação das diferentes paisagens culturais construídas ao
longo do tempo. Essas edificações classificadas como Estruturação não podem ser destruídas. Já a compatibilização se
constitui para a preservação do entorno e da ambiência das edificações
classificadas como Estruturação. As edificações classificadas como
compatibilização podem ser substituídas por edificações novas com volumetria
(altura e proporção) adequada à das edificações vizinhas, preservadas como
Estruturação.
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