quinta-feira, 11 de agosto de 2022

 

Editorial

Ao Jó Soares, um beijo do povo

Jô Soares, nosso grande mestre do humor, faleceu aos 84 anos. Ele estava internado desde 28 de julho no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para tratar uma pneumonia. A pedido da família, a causa da morte não foi divulgada.  Jô era sinônimo de humor em suas mais diversas facetas artísticas - tanto como ator quanto como entrevistador, escritor, roteirista, dramaturgo, diretor, pintor, músico... "Tudo o que fiz, tudo o que faço, sempre tem como base o humor. Desde que nasci, desde sempre", disse ele uma vez em depoimento ao site Memória Globo.

 Seu nome de batismo, era José Eugênio Soares nasceu no Rio de Janeiro, em 1938. Filho único de um empresário e de uma dona de casa, passou a infância estudando em colégio interno, e aos 12 anos foi estudar na Suíça, ficando por lá até os 17. Na Suíça, descobriu seu amor pelos palcos.

 Quando voltou ao Brasil, decidiu investir em sua vocação recém-descoberta pelas artes. Foi frequentando turmas de teatro e buscando contatos com grandes nomes da área que Jô conseguiu fazer sua estreia no cinema e nos palcos. Em 1958, estreiou na TV, escrevendo e atuando em programas humorísticos nas antigas TV Continental e TV Tupi. Em 1960, foi para a TV Record, em São Paulo, fazendo todo mundo rir aos domingos como o mordomo Gordon no icônico “A Família Trapo”. 

 A estreia na TV Globo aconteceu em 1970 no programa “Faça humor, não faça a guerra”. Se destacou mais uma vez como ator e roteirista em “O planeta dos homens”, de 1977, onde ficou até 1982, para se dedicar ao seu próprio programa de humor, o "Viva O Gordo". Foi lá onde nasceram seus personagens mais inesquecíveis: o Reizinho (o monarca de um reino que satirizava o Brasil da época), o Capitão Gay (um super-herói homossexual) e o Zé da Galera (do bordão “Bota ponta, Telê!”).

 Em 1987, foi para o SBT, estreando seu primeiro programa de entrevistas, o "Jô Soares onze e meia", inspirado nos famosos talk-shows estadunidenses. Em 2000, ele voltou para a Globo, ficando por lá até 2016 com o “Programa do Jô”, o maior e mais respeitado talk-show do país.

 Jô escreveu para diversos jornais e revistas, e também foi autor de best-sellers, como "O Xangô de Baker Street", de 1995, e "O homem que matou Getúlio Vargas", de 1998. No teatro, fez história com seus monólogos que falavam sobre a vida cotidiana e a política brasileira. Os mais conhecidos foram “Ame um gordo antes que acabe” (1976), “Viva o gordo e abaixo o regime!” (1978), “Um gordoidão no país da inflação” (1983), “O gordo ao vivo” (1988), “Um gordo em concerto” (1994) – que ficou em cartaz por dois anos – e “Na mira do gordo” (2007).

Descanse em paz, Jô. Beijo do povo!

 

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