Editorial
Ao Jó Soares, um beijo do povo
Jô
Soares, nosso grande mestre do humor, faleceu aos 84 anos. Ele estava internado
desde 28 de julho no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para tratar uma
pneumonia. A pedido da família, a causa da morte não foi divulgada. Jô era sinônimo de humor em suas mais
diversas facetas artísticas - tanto como ator quanto como entrevistador,
escritor, roteirista, dramaturgo, diretor, pintor, músico... "Tudo o que
fiz, tudo o que faço, sempre tem como base o humor. Desde que nasci, desde
sempre", disse ele uma vez em depoimento ao site Memória Globo.
Seu
nome de batismo, era José Eugênio Soares nasceu no Rio de Janeiro, em 1938.
Filho único de um empresário e de uma dona de casa, passou a infância estudando
em colégio interno, e aos 12 anos foi estudar na Suíça, ficando por lá até os
17. Na Suíça, descobriu seu amor pelos palcos.
Quando
voltou ao Brasil, decidiu investir em sua vocação recém-descoberta pelas artes.
Foi frequentando turmas de teatro e buscando contatos com grandes nomes da área
que Jô conseguiu fazer sua estreia no cinema e nos palcos. Em 1958, estreiou na
TV, escrevendo e atuando em programas humorísticos nas antigas TV Continental e
TV Tupi. Em 1960, foi para a TV Record, em São Paulo, fazendo todo mundo rir
aos domingos como o mordomo Gordon no icônico “A Família Trapo”.
A
estreia na TV Globo aconteceu em 1970 no programa “Faça humor, não faça a
guerra”. Se destacou mais uma vez como ator e roteirista em “O planeta dos
homens”, de 1977, onde ficou até 1982, para se dedicar ao seu próprio programa
de humor, o "Viva O Gordo". Foi lá onde nasceram seus personagens
mais inesquecíveis: o Reizinho (o monarca de um reino que satirizava o Brasil
da época), o Capitão Gay (um super-herói homossexual) e o Zé da Galera (do
bordão “Bota ponta, Telê!”).
Em
1987, foi para o SBT, estreando seu primeiro programa de entrevistas, o
"Jô Soares onze e meia", inspirado nos famosos talk-shows
estadunidenses. Em 2000, ele voltou para a Globo, ficando por lá até 2016 com o
“Programa do Jô”, o maior e mais respeitado talk-show do país.
Jô
escreveu para diversos jornais e revistas, e também foi autor de best-sellers,
como "O Xangô de Baker Street", de 1995, e "O homem que matou
Getúlio Vargas", de 1998. No teatro, fez história com seus monólogos que
falavam sobre a vida cotidiana e a política brasileira. Os mais conhecidos
foram “Ame um gordo antes que acabe” (1976), “Viva o gordo e abaixo o regime!”
(1978), “Um gordoidão no país da inflação” (1983), “O gordo ao vivo” (1988),
“Um gordo em concerto” (1994) – que ficou em cartaz por dois anos – e “Na mira
do gordo” (2007).
Descanse
em paz, Jô. Beijo do povo!
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