Nestes últimos dias, aconteceu algo em minha rua, com a perda de um vizinho que se mudou, não sei para onde, que tive vontade de comentar. É que pelo tempo que tenho vivido, descobri que a gente muitas vezes não dá o devido valor a este parente próximo, às vezes mais que um verdadeiro parente.
Tenho a sorte de morar a vinte e alguns anos ao lado de um verdadeiro vizinho irmão, em todos estes anos aprendi a tê-lo na mais alta conta, e me sentiria menor, ou despojado de um pedaço de mim mesmo, se um de nós nos mudássemos sem nos despedir.
Mas voltando ao caso do vizinho que se foi sem se despedir, e aqui em Ouro Branco isto acontece muito, muitos se vão para não voltar, muitos chegam para não ficar, às vezes a gente não sabe que um pouco de nós estava naquela pessoa e vamos embora levando um pouco dele, deixando um pouco de nós.
Já vi muita gente partir, e cada um levou um pedaço de mim. Estive no exército e muitos dos colegas e também amigos, nunca mais vi, e faz-me falta. Estudei em escolas e muitos nunca mais vi, e faz-me falta. Trabalhei em empresas, como a própria Gerdau/Açominas, e muitos companheiros e amigos, não mais encontrei, e faz-me muita falta, e nesses lugares nos tornamos pessoas não gratas, ou seja, lá não podemos mais entrar.
Às vezes, mesmo aqui em Ouro Branco, no próprio bairro em que vivo, fico tanto tempo sem ver alguém que penso que se mudou, para descobrir depois que ainda está aqui. Isto acontece porque a gente não se dá o devido valor, a gente não se preocupa com a saudade do outro.
Fico então pensando se não seria mais humano que as pessoas se despedissem de seus vizinhos, afetos é claro, para que assim o pedaço levado não fosse tão grande. Nós, seres humanos, muitas das vezes nos damos pouco valor, convivemos com tanto distanciamento, que mais parecemos raças diferentes, caminhamos pela avenida e encontramos pessoas semelhantes e sequer damos bom dia, são como estranhos.
Nas grandes cidades, as pessoas se acotovelam umas sob as outras, parecendo até que querem viver perto, quando na verdade sequer se cumprimentam, até mesmo no elevador. Na verdade os seres humanos parecem até querer devorar uns aos outros para sobreviverem.
É uma espécie realmente esquisita, esta do ser humano, constroem casas com muros altíssimos, com cercas impeditivas, portões altos e trancados para que ninguém os visite, ou deles se aproximem, mas estão na cidade uns perto dos outros, vivendo como tivessem medo uns dos outros. E assim vamos deixando pedaços e levando pedaços, por este mundo sem fim.
Antônio Ivan de Carvalho
Tenho a sorte de morar a vinte e alguns anos ao lado de um verdadeiro vizinho irmão, em todos estes anos aprendi a tê-lo na mais alta conta, e me sentiria menor, ou despojado de um pedaço de mim mesmo, se um de nós nos mudássemos sem nos despedir.
Mas voltando ao caso do vizinho que se foi sem se despedir, e aqui em Ouro Branco isto acontece muito, muitos se vão para não voltar, muitos chegam para não ficar, às vezes a gente não sabe que um pouco de nós estava naquela pessoa e vamos embora levando um pouco dele, deixando um pouco de nós.
Já vi muita gente partir, e cada um levou um pedaço de mim. Estive no exército e muitos dos colegas e também amigos, nunca mais vi, e faz-me falta. Estudei em escolas e muitos nunca mais vi, e faz-me falta. Trabalhei em empresas, como a própria Gerdau/Açominas, e muitos companheiros e amigos, não mais encontrei, e faz-me muita falta, e nesses lugares nos tornamos pessoas não gratas, ou seja, lá não podemos mais entrar.
Às vezes, mesmo aqui em Ouro Branco, no próprio bairro em que vivo, fico tanto tempo sem ver alguém que penso que se mudou, para descobrir depois que ainda está aqui. Isto acontece porque a gente não se dá o devido valor, a gente não se preocupa com a saudade do outro.
Fico então pensando se não seria mais humano que as pessoas se despedissem de seus vizinhos, afetos é claro, para que assim o pedaço levado não fosse tão grande. Nós, seres humanos, muitas das vezes nos damos pouco valor, convivemos com tanto distanciamento, que mais parecemos raças diferentes, caminhamos pela avenida e encontramos pessoas semelhantes e sequer damos bom dia, são como estranhos.
Nas grandes cidades, as pessoas se acotovelam umas sob as outras, parecendo até que querem viver perto, quando na verdade sequer se cumprimentam, até mesmo no elevador. Na verdade os seres humanos parecem até querer devorar uns aos outros para sobreviverem.
É uma espécie realmente esquisita, esta do ser humano, constroem casas com muros altíssimos, com cercas impeditivas, portões altos e trancados para que ninguém os visite, ou deles se aproximem, mas estão na cidade uns perto dos outros, vivendo como tivessem medo uns dos outros. E assim vamos deixando pedaços e levando pedaços, por este mundo sem fim.
Antônio Ivan de Carvalho
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