terça-feira, 31 de agosto de 2021

 

Câmara aprova projeto de lei que coíbe a violência obstétrica em Ouro Branco

 

Abusos sofridos por mulheres quando procuram serviços de saúde na hora do parto são o tema do projeto aprovado 

 


           De acordo com a pesquisa "Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado", desenvolvida pela Fundação Perseu Abramo e pelo Sesc ainda em 2010, uma em cada quatro mulheres no Brasil sofreu com algum tipo de violência durante o parto. A denominação para os maus tratos, abusos e desrespeito sofrido por essas mulheres é violência obstétrica. Para coibir este tipo de violência, foi aprovado, na Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Ouro Branco do dia 24 de agosto, de autoria da vereadora Nilma Silva, o Projeto de Lei nº 66/2021, que dispõe sobre a implantação de medidas de informação à gestante e parturiente sobre a Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal, visando a proteção destas contra a violência obstétrica no Município.

            A violência obstétrica pode ser praticada pelo médico, pela equipe do hospital, maternidade e unidades de saúde, por um familiar ou acompanhante que ofenda, de forma verbal ou física, as mulheres gestantes, em trabalho de parto ou ainda, no período de puerpério. "Quem nunca passou por um parto não sabe a importância de ser respeitada e tratada com gentileza neste momento único na vida de uma mulher. Independente de ter seu parto pelo SUS ou pela rede particular, esse momento precisa ser vivido com respeito à mulher", argumentou a autora do projeto.

            O projeto de lei prevê um trabalho de conscientização das mulheres, com acesso a informações sobre violência obstétrica, elaboração de cartilhas com os direitos da gestante e da parturiente, propiciando informações e esclarecimentos necessários para um atendimento hospitalar digno e humanizado. "Muitas mulheres que passam por este tipo de violência não sabem como agir e, às vezes, nem têm consciência do que estão passando. É preciso educar para transformar esta realidade", concluiu a vereadora Nilma.

 

Outros projetos

 

            O Projeto de Lei nº 46/2021, que autoriza o Poder Executivo Municipal a contratar seguro residencial e habitacional aos imóveis do Programa ‘‘Minha Casa, Minha Vida’’ do Governo Federal nos Condomínios Jardim Panorama 1 e 2, também foi aprovado na sessão, com voto contrário dos vereadores Rodrigo Duarte, Valéria Lopes e Warley Pereira, e abstenção da vereadora Nilma. Para a vereadora Valéria, o projeto é polêmico, pois os moradores do Jardim Panorama foram informados, no momento da assinatura do contrato para receber os imóveis, que eles teriam que arcar com seguro para os condomínios e, agora, a Prefeitura "volta atrás" e resolve providenciar o seguro. "Como eles já pagam um seguro, acredito que a Prefeitura poderia auxiliar em outras questões que também beneficiariam os moradores", reiterou a vereadora. Além disso, a vereadora também questionou se a Prefeitura irá arcar com seguro para todas as construções sociais do município, de agora em diante. O vereador Warley votou contra por considerar o projeto "inconsistente e com falta de informações". E a vereadora Nilma se absteve, pois esperava ouvir o Conselho de Habitação sobre o projeto antes que ele voltasse para votação, uma vez que ele teve pedido de vista e sobrestamento anteriormente.

            O Projeto de Lei nº 59/2021, que dispõe sobre o uso de sistema de segurança baseado em monitoramento por meio de câmeras de vídeo e a  instalação de alarmes em escolas e creches do município de Ouro Branco foi retirado pelo autor, vereador Neymar Meireles. O Projeto de Lei nº 64/2021, que cria o programa Selo Igualdade Trans, para autorizar o Poder Executivo a conceder incentivos fiscais a empresas que contratarem pessoas trans e travestis no município de Ouro Branco, foi retirado para adequações pela autora, vereadora Nilma. O Projeto de Lei nº 65/2021, que autoriza a abertura de crédito adicional suplementar no valor de R$4.710.570,13, por tendência de excesso de arrecadação, foi retirado pelo Executivo para apresentação de substitutivo. O Projeto de Lei nº 67/2021, que cria o Programa de Prevenção e Combate à violência doméstica e intrafamiliar contra as mulheres, teve pedido de vista pelo vereador Rodrigo. O Projeto de Resolução nº 05/2021, que cria a medalha ‘‘Heróis da Pandemia’’ de Ouro Branco, teve pedido de vista pela vereadora Valéria. E o Projeto de Resolução nº 07/2021, que dispõe sobre a baixa do inventário geral de bens móveis vinculados ao patrimônio da Câmara Municipal, foi retirado pela mesa diretora.

            Os Requerimentos nº 260, 261, 265, 266, 267, 269, 270, 277, 278, 288, 289, 293, 293 A, 294, 294 A, 295, 296, 296 A, 297, 298, 298 A, 300 a 329/2021, foram votados e aprovados na sessão. Também foi apresentada a Moção de Pesar nº 24/2021, aos familiares de Marcelo Rodrigues, de todos os vereadores.

 

Pronunciamentos

 

            No mesmo dia da sessão, aconteceu a aplicação da segunda dose da vacina AstraZeneca, na Praça de Eventos, para pessoas que receberam a primeira dose até 25 de junho. A vereadora Valéria pediu mais atenção do Executivo para quando a vacinação acontecer na Praça de Eventos. O sol forte e o calor, além das filas únicas sem atendimento prioritário algum, tornaram o processo cansativo para os munícipes. "Em conversa com o secretário de saúde, ele nos garantiu que a logística será melhorada para as próximas oportunidades", relatou a vereadora, que também pediu linhas e pontos de ônibus para atender os Condomínios Jardim Panorama.

            Outro assunto abordado pela vereadora foi a circulação de animais de grande porte pela cidade. "É necessário dar mais atenção para este assunto, tendo em vista a lentidão do CODAP (Consórcio Público para Desenvolvimento do Alto Paraopeba) em concretizar o estabelecido no Programa Curral Regional, cuja autorização de adesão já foi dada por esta Casa. A população tem reclamado muito, pois o grande número de animais de grande porte circulando pela cidade tem gerado insegurança e riscos de acidentes, não só em relação aos transeuntes e crianças, mas também em relação aos veículos", frisou a vereadora.

            Ações de combate à violência contra a mulher eram tema de projetos de lei semelhantes apresentados pela vereadora Valéria e pelo vereador Neymar. E, como não pode haver projetos com mesmo tema em tramitação, ambos propuseram elaborar um projeto de lei único, com adesão dos demais vereadores, para tratar o tema. "Como policial, já atuei em vários casos de violência doméstica e sei o quanto é fundamental promover ações concretas para coibir os casos e amparar as mulheres", destacou o vereador Neymar.

            Os vereadores também debateram sobre a proposição de projetos de lei que gerem despesas ao Executivo. O assunto foi abordado após a vereadora Valéria alegar que projetos de lei autorizativos não teriam o mesmo "peso" que os impositivos junto ao Executivo. O presidente da Casa, vereador Leandro Souza, lembrou a questão da geração de despesas para o Executivo e o vereador Neymar citou decisões do Supremo Tribunal Federal que definiram que o parlamentar municipal, vereador, pode apresentar projeto de lei que tenha previsão de despesas para o Poder Executivo, ou seja, para o município. Mas ainda não há decisões definitivas sobre o tema.

            Mais uma vez, vereadores pediram ao Executivo que realizem operações tapa-buracos: o vereador Lan Andrade pediu atenção para o bairro 1º de Maio, especialmente para as vias mais movimentadas, e a vereadora Nilma solicitou serviços para os bairros Bandeirantes e Metalúrgicos. O vereador Lan também pediu que seja realizado um trabalho paisagístico nos canteiros centrais das avenidas da cidade, com poda correta das árvores. O vereador José Heleno de Souza (Dezinho), pediu a troca das lâmpadas de Olaria por LED já que, segundo o vereador, a comunidade fica muito escura à noite, e, também, o asfaltamento dos 1.400 metros entre Geada e Castiliano: "é um trecho curto que beneficiaria muito a população".

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