quinta-feira, 7 de julho de 2022

 

Coluna Negritude

Tranças – Muito mais que um simples penteado


Existe uma grande variedade de estilos de tranças africanas, que vão desde as curvas complexas e espirais para a composição estritamente linear, este estilo Dan 1939 da Costa do Marfim. Pode parecer estranho, mas as tranças se inspiram na geometria, um estilo bastante tradicional na África.  Outro modelo comum na África é a Trança Nagô. Essa trança é feita junto ao couro cabeludo e permite a criação de vários desenhos. Pode ser feita até a metade da cabeça ou na cabeça inteira, com o cabelo natural e com aplicação de outros fios, naturais e artificiais. Com várias possibilidades de desenhos, o melhor é aquele que combina com a anatomia da pessoa.

 Dependendo do tamanho do cabelo e da complexidade do desenho, o trabalho pode durar até seis horas, as tranças que usam apliques são as mais demoradas.  A trança nagô pode ser feita em qualquer tipo de cabelo, crespo ou liso, e sua duração varia de acordo com a capacidade de fixação do penteado de cada fio, podendo ser mantida por pelo menos 15 dias, ou até mais dependendo do cuidado. Não pode ser lavada todo dia e quando for lavar, tem que usar uma touca de meia para proteger a trança.

 Trazida ao Brasil pelos povos escravizados durante o período colonial, a trança ressurgiu com força bem mais tarde, nos anos 70, junto com o movimento hippie. A partir daí não saiu mais de moda. Todos os anos, a cada estação, o penteado revive com mais criatividade.

 Além das tranças os Dreads e o Black Power, também se destacaram. O movimento hippie, com sua variedade, possibilitou a diversidade de culturas. E naquela época, os afrodescendentes ficaram em evidência. O hip-hop surgiu como um movimento cultural Black na década de 70 nos Estados Unidos e abraçou as tranças como mais um elemento de protesto e de comunicação.

 Vale lembrar que os dreads não são originários da Jamaica, do movimento rastafári ou com Bob Marley, e sim da Índia. Os cabelos crescidos em mechas densas são usados na África e na Índia desde a antiguidade bíblica e pré-bíblica. Mas o grupo mais conhecido a usar dreads são os rastafáris jamaicanos. Nos dias atuais, em virtude da facilidade de comunicação e informações, o dread vem se popularizando cada vez mais, seja qual for o motivo, Rastafarismo, Hinduísmo, entre outros. Ele configura-se como uma forma de expressão fora do padrão ou simplesmente um estilo diferente. Porém, foram os jamaicanos que propagaram o penteado. Durante a década de 30 surgiram os primeiros arranjos de tranças naquele país.

 Jornalista Sandra M. da Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário