Coluna Negritude
Tranças – Muito mais que um simples penteado
Existe uma grande
variedade de estilos de tranças africanas, que vão desde as curvas complexas e
espirais para a composição estritamente linear, este estilo Dan 1939 da Costa
do Marfim. Pode parecer estranho, mas as tranças se inspiram na geometria, um
estilo bastante tradicional na África.
Outro modelo comum na África é a Trança Nagô. Essa trança é feita junto
ao couro cabeludo e permite a criação de vários desenhos. Pode ser feita até a
metade da cabeça ou na cabeça inteira, com o cabelo natural e com aplicação de
outros fios, naturais e artificiais. Com várias possibilidades de desenhos, o
melhor é aquele que combina com a anatomia da pessoa.
Dependendo do tamanho do
cabelo e da complexidade do desenho, o trabalho pode durar até seis horas, as
tranças que usam apliques são as mais demoradas. A trança nagô pode ser feita em qualquer tipo
de cabelo, crespo ou liso, e sua duração varia de acordo com a capacidade de
fixação do penteado de cada fio, podendo ser mantida por pelo menos 15 dias, ou
até mais dependendo do cuidado. Não pode ser lavada todo dia e quando for
lavar, tem que usar uma touca de meia para proteger a trança.
Trazida ao Brasil pelos povos
escravizados durante o período colonial, a trança ressurgiu com força bem mais
tarde, nos anos 70, junto com o movimento hippie. A partir daí não saiu mais de
moda. Todos os anos, a cada estação, o penteado revive com mais criatividade.
Além das tranças os
Dreads e o Black Power, também se destacaram. O movimento hippie, com sua
variedade, possibilitou a diversidade de culturas. E naquela época, os
afrodescendentes ficaram em evidência. O hip-hop surgiu como um movimento
cultural Black na década de 70 nos Estados Unidos e abraçou as tranças como
mais um elemento de protesto e de comunicação.
Vale lembrar que os
dreads não são originários da Jamaica, do movimento rastafári ou com Bob
Marley, e sim da Índia. Os cabelos crescidos em mechas densas são usados na
África e na Índia desde a antiguidade bíblica e pré-bíblica. Mas o grupo mais
conhecido a usar dreads são os rastafáris jamaicanos. Nos dias atuais, em
virtude da facilidade de comunicação e informações, o dread vem se
popularizando cada vez mais, seja qual for o motivo, Rastafarismo, Hinduísmo,
entre outros. Ele configura-se como uma forma de expressão fora do padrão ou
simplesmente um estilo diferente. Porém, foram os jamaicanos que propagaram o
penteado. Durante a década de 30 surgiram os primeiros arranjos de tranças
naquele país.
Jornalista Sandra M. da Silva
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