Coluna
Negritude
Qual
o inventor negro que você conhece?
Pare um minuto e recorde os
grandes inventores que você conhece. Lembrou de algum negro? Aliás, quando você
estava na escola, estudou sobre algum inventor negro? Não. Não é? Pois é,
apenas inventores brancos são ressaltados em livros.
Por isso, quando se pensa em
grandes inventores, geralmente os primeiros nomes que vêm à mente são de
pessoas brancas. Lembra-se de inventores como Thomas Edison, o criador da
lâmpada elétrica incandescente; Alexander Graham Bell, protagonista dos
primeiros passos da implantação do telefone como meio de comunicação de massas;
Alberto Santos Dumont, pioneiro da aviação, entre outros.
O que muitas pessoas não
sabem (ou pelo menos não lembram com frequência) é que inventores negros,
incluindo escravizados, criaram ou aprimoraram muitas coisas que facilitaram a
nossa vida, apesar de terem sido ignorados nos livros de história pelo mundo.
O
afro-americano Benjamin Montgomery, nascido na
escravidão em 1819, inventou uma hélice de barco a vapor projetada para águas
rasas. Esta foi uma invenção valiosa, pois facilitou a entrega de alimentos e
itens críticos. Montgomery tentou solicitar uma patente. O pedido foi rejeitado
devido ao seu status de escravo. O sistema de patentes, que começou
oficialmente em 1787 nos Estados Unidos, não estava aberto aos afro-americanos
nascidos de escravos, pois não eram considerados cidadãos.
Essa barreira não impediu que
os afro-americanos inventassem e que suas patentes fossem exploradas. De acordo
com uma pesquisa feita por Shontavia Johnson, advogada e professora de Direito
de Propriedade Intelectual da Drake University, os proprietários muitas vezes
tomavam crédito por invenções escravas.
A
própria lâmpada foi inventada por Thomas Edison, mas a inovação usada para
criar lâmpadas mais duradouras com um filamento de carbono veio do inventor
afro-americano Lewis Latimer. Latimer, filho de escravizados fugitivos, começou a trabalhar em
um escritório de advocacia depois de servir nas forças armadas da União durante
a Guerra Civil. Ele foi reconhecido por seu talento na elaboração de patentes e
foi promovido a chefe de desenhista, tendo participado da invenção de um
banheiro aprimorado para trens ferroviários.
O
uso de elevadores na vida cotidiana impede as pessoas de se comprometerem com
longas e cansativas subidas de vários lances de escada. Antes das portas
automáticas, as pessoas tinham que fechar manualmente as portas do poço e do elevador
antes de andar. Quando a filha do inventor afro-americano Alexander Miles caiu
quase fatalmente no poço, ele decidiu desenvolver uma solução. Em 1887, ele
patenteou um mecanismo que abre e fecha automaticamente as portas do poço do
elevador e seus projetos são amplamente refletidos nos elevadores usados hoje.
Filho
de um escravizado e com apenas o ensino fundamental, o inventor negro Garrett Morgan foi
responsável por várias invenções importantes, incluindo uma máquina de costura
aprimorada e a máscara de gás. No entanto, uma das invenções mais influentes de
Morgan foi o semáforo aprimorado. Sem sua inovação, os motoristas de todo o
país seriam direcionados por um sistema de duas luzes.
Frederick McKinley Jones registrou
mais de 60 patentes ao longo de sua vida, incluindo uma patente para o sistema
de refrigeração montado no teto usado para refrigerar mercadorias em caminhões
durante o transporte prolongado em meados da década de 1930. Ele recebeu uma
patente por sua invenção em 1940 e foi cofundador da Thermo Control Company dos
EUA, mais tarde conhecida como Thermo King. A empresa foi muito importante
durante a Segunda Guerra Mundial, ajudando a preservar sangue, alimentos e
suprimentos durante a guerra. Graças a Jones, os produtos congelados ficaram
mais acessíveis e são consumidos no mundo todo.
Além
desses, muitos outros itens do nosso cotidiano tiveram a participação de
inventores negros, incluindo um dos uísques mais
vendidos do mundo.